Liliana Cabanas
Não nasci do útero de minha mãe, nem dos espermatozóides do meu pai, mas nasci do coração deles. Nasci do amor! Adoção sim! Sou a antiga Liliana Saraiva dos Santos, abandonada eu mais os meus irmãos, pelos meus pais biológicos quando era apenas uma criança indefesa. Eles eram alcoólatras, não tinham condições para nos cuidar e submetiam nos a constantes violências físicas e psicológicas. A minha mãe, nos seus momentos de embriaguez, chegou ao ponto de nos trancar em casa, com 2 e 3 anos, mostrando total descaso com a nossa segurança e bem-estar. Um dia, eu e a minha irmã, única rapariga dos irmãos e mais velha que eu, escapamos de casa e fomos encontradas por uma pessoa que, preocupada com a nossa situação, acionou as autoridades. Fomos então institucionalizadas aos 4anos e 5anos de idade, numa casa de acolhimento de nome casa da encosta, em Carcavelos. Finalmente encontramos acolhimento, cuidado e amor. Os profissionais que ali trabalhavam e ainda trabalham, ajudaram nos a superar alguns traumas, deram nos carinho e suporte para que pudéssemos começar a recuperar. Tenho contacto com a Diretora da instituição, que era na altura assistente social, um ser humano incrível, tenho uma enorme gratidão pelo o que ela fez por mim e a minha irmã, nao foi apenas profissionalismo, é muito mais que isso. A minha família biológica sempre soube onde eu estava institucionalizada mas não demonstrou arrependimento pelos seus erros nem vontade de assumir a responsabilidade das filhas. Passado muito tempo e perante a situação, a instituição começou a procurar, interessados em adotar nos, uma família que estivesse disposta a acolher nos como parte de sua família. Após um tempo, encontraram um casal que demonstrou interesse em adotar nos e que tinha todas as condições necessárias para nos oferecer um lar estável e amoroso. Assim, fomos adotadas por essa família, que se comprometeu a cuidar de nós e a oferecer todo o apoio necessário para o nosso desenvolvimento e bem- estar. Finalmente, graça a seres humanos incríveis como a pessoa que acionou as autoridades, os profissionais da instituição e o casal que nos adotou , tive uma família de verdade, um novo lar onde eu pode receber o amor e os cuidados que merecia. Fui adotada por uma família maravilhosa que me acolheu como sua própria filha. Desde então, tenho recebido todo o amor, carinho, apoio e proteção. Ter uma família que me ama e que me cuida, ter tido um lar onde pode ser eu mesma, onde pode ser feliz e sentir me segura é algo indescritível. A adoção transformou completamente a minha vida. Encontrei o amor e a estabilidade que sempre desejei em criança. Sinto me abençoada por ter sido acolhida por pessoas tão especiais, que me proporcionaram um ambiente saudável e feliz, onde pode crescer e desenvolver me. Eu digo sempre a adoção salvou a minha vida e fez me acreditar que sempre há esperança, mesmo nos momentos mais difíceis. Sou imensamente grata por ter tido a segunda oportunidade na minha vida, de ser feliz e realizada. Soube desde muito cedo, que não tinha "vindo da barriga da mãe", por isso, foi sempre, com muita naturalidade que, em casa, este assunto, foi abordado, nunca foi tabu . Eu nunca me senti particularmente diferente por ter sido adotada, por não ter vindo da "barriga da mãe". Eles tratavam me e tratam como filha de verdade e com amor. Não são os meus pais adotivos. São os meus pais. Pela simplicidade com que sempre foi falada, a adoção, nunca foi negativo na minha vida, nem em casa, nem na escola, nem em lado nenhum. Foi sempre uma característica da minha história, com a qual sempre estive e estou absolutamente tranquila. Fiz a minha vida, certo com alguns percalços derivado aos traumas, mas sempre com o apoio e o amor dos meus pais "adotivos" e com a esperança que tenho sempre mesmo quando há momentos difíceis. Não abandonar é o meu lema, não tivesse eu sentido isso bem na pele. Hoje sou Liliana Fonseca Cabanas, mãe de dois, e nunca poderia proporcionar aos meus filhos aquilo que os meus pais biológicos me proporcionaram. Grata dos valores que recebi dos meus pais, orgulho do que sou e do que me tornei, orgulho de ser mãe não apenas de útero mas de útero e de coração. Após mais de 25 anos, despertou me curiosidade saber do paradeiro da família biológica, decidi procurar. Eu estava preparada para o pior, infelizmente, foi exatamente isso que encontrei, o pior. O meu pai biológico faleceu em 2013, minha mãe biológica ainda está viva, porém ainda é alcoólatra. Descobri que um dos meus irmãos está envolvido com drogas e o outro está metido em negócios escuros, eles não tiveram a oportunidade de ser adotados. Foi um choque descobrir o estado em que se encontravam, isso fez me refletir sobre o impacto que a ausência de uma figura paterna e materna pode causar na vida de alguém. Mesmo com essa realidade devastadora, a busca pelas minhas origens trouxe me um senso de fechamento. Decidi manter me afastada da família biológica para não me prejudicar. Sei e sempre soube quem eu sou e de onde venho, eu não venho da barriga da minha mãe nem dos espermatozóides do meu pai, mas nasci do coração deles e do amor! Orgulho e grata de ter sido adotada! Não são os meus pais adotivos, são os meus pais. Por isso digo sim á adoção!
Joana
26 anos
Eu entrei na CrescerSer com 11 anos. A minha passagem pela CrescerSer foram 10 anos, e esta passagem pela CrescerSer contribuiu bastante para mim a nível de autonomia, porque eu não fazia completamente nada sozinha e hoje em dia consigo fazer a minha cama, consigo tudo o que tenha a haver com higiene pessoal, eu consigo fazer tudo sozinha, e é graças à CrescerSer. E hoje em dia, estou muito grata porque estou numa residência adaptada, em que sou completamente autónoma e livre, e graças à CrescerSer e com a autonomia que eu consegui, hoje consigo fazer tudo sem precisar da ajuda de ninguém
João
41 anos
Tudo na nossa vida começa com "era uma vez", que devido às circunstâncias difíceis, tive que passar pela instituição CrescerSer. Lá, encontrei amor, cuidado e apoio, fundamentais para o meu desenvolvimento. Apesar de todos os obstáculos, mantive-me criança, sonhei e acreditei. Por fim, uma familia adoptou-me, ofereceu-me um segundo lar e uma segunda felicidade que tanto eu e milhares de crianças nos centros de acolhimento merecem.